posição contra o seu author. Cumpre porém observar que a existencia de semelhante lei não se apoia em provas certas ou sufficientes, ao passo que a aversão contra Froila não se limitava sómente ao clero. O seu genio era colérico e despotico; e parece que pela sua crueldade e tyrannia provocou a ira dos seus subditos. Fosse como fosse, o que se sabe positivamente é que, tendo Froila apunhalado seu irmão Vimarano, por ser este principe bemquisto do povo em consequência da amenidade do seu trato e da sua pericia militar, foi morto o rei ás mãos de alguns grandes da côrte, no anno de 768.
Este monarcha instituiu varias fundações pias; e deu principio á cidade de Oviedo, que em reinados posteriores veiu a ser capital do estado.
O rei assassinado deixou um filho em curta idade, chamado Affonso; mas o sceptro passou para as mãos de Aurelio, filho de outro Froila, irmão de Affonso o Catholico, e portanto primo co-irmão do ultimo rei. O reinado de Aurelio durou seis annos, sem que d’elle ficasse outro monumento mais que a sublevação dos servos contra os senhores de terra; acudindo porém o rei em pessoa, foram aquelles reduzidos á obediência.
Á morte de Aurélio em 774, desattenderam-se de novo as pretençoes de Affonso, ou dos seus parciaes, recahindo os votos em Silo, casado com Adosinda, filha de Affonso O Catholico. Ignora-se a origem d’este rei; mas de um trecho da chronica Albeldense a seu respeito (cum Spania ob causam matris pacem habuit, signiticando Spania, «terra dos sarracenos») se pode inferir que sua mãe fosse arabe, e seu pae «um d’esses godos nobres que, sujeitos ao dominio musulmano se haviam enlaçado com as filhas dos conquistadores, enlaces de que tantos exemplos subsistem,» segundo conjectura Alexandre Herculano (Hist. de Portugal, T. 3 p. 180, da 1.ª ediç.). De Silo só consta que viveu em paz com os sarracenos, como affirma o trecho citado acima, e que subjugou no monte Cuperio (hoje Cebrero) uma revolta do povo que rebentára em Galliza.
Nos reinados anteriores o assento da corte fôra em Cangas; mas Silo transferiu-o para Fravia, villa situada no rio Nalon. Para ali chamou o joven Affonso, que desde a morte
