de todos esses abusos, ao passo que o proveito era dos seus delegados[1].»
O desassombro com que D. Pedro falara produzira o effeito que desejava. Paulo iii collocou-se na defensiva. Deplorou que taes factos se practicassem, promettendo providencias, e admirando-se de que, no meio de tantos desconcertos, não tivesse havido quem se queixasse para Roma. A resposta, porém, do embaixador foi peremptoria. Ninguém se queixava, porque a persuação geral era que todas as representações dirigidas á curia romana neste sentido seriam inuteis. Assim, as cousas teriam continuado indefinidamente no mesmo estado, se o núncio não houvera commettido a imprudência de entrar em lucta com os infantes, suscitando com tal procedimento a animadversão d'elrei[2]. Era uma triste confissão a que D. Pedro Mascarenhas fazia. A corte de Portugal tolerara as demasias e prevaricações de Capodiferro, e continuaria a tolerá-las, se uma questão de orgulho não a tivesse revocado ao sentimento do proprio dever e ao zelo, um pouco tardio, da moralidade e da justiça.