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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo II.pdf/346

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rando que nenhuma consideração o obrigaria a ficar em Portugal quando outro era o seu dever. Para obviar ás intenções manifestadas pelo prelado ministro, espalhou-se, e talvez sem calumnia, que este communicara para Roma o que se passava. Verdadeira ou simulada, a colera d'elrei subiu então ao ultimo auge. Deram-se ordens secretas para o bispo ser trazido de Viseu, onde se achava, preparando-se entretanto uma torre para nella se lhe dar pouco agradavel hospedagem; mas elle, que andava presentido, desappareceu certa noite dos paços episcopaes e, saindo do reino, dirigiu-se a Italia, aonde o chamavam os seus ambiciosos designios[1]. Sabida a nova, escreveu-se logo a Santiquatro e a Christovam de Sousa, que succedera a D. Pedro Mascarenhas na embaixada de Roma, para que narrassem ao papa aquelle extranho successo e lhe requeressem que, se o fugitivo prelado ahi chegasse, não lhe désse ouvidos e nem sequer o recebese. Após estas cartas, foi enviado um agente extraordinario, Jorge de

  1. Ibid. — Instrucções sem data (talvez a Balthasar de Faria) ácerca dos negocios do bispo de Viseu e da Inquisição: Collecção de Mss. de S. Vicente, vol. 3, f. 134 e segg., no Arch. Nac.