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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo III.pdf/324

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essas reformas. Nada esperava daquella assembléa de prelados e theologos, nem cria que d’alli viesse remedio para acabarem as heresias; porque não era possivel chamar ao gremio catholico os dissidentes emquanto elles contemplassem o espectaculo que lhes estava dando a igreja[1]. Na materia da Inquisição portuguesa, objecto principal da sua vinda a Roma, Fr. Balthasar Limpo repetia todos os logares communs que se reproduziam havia dez annos por parte da corte de Portugal; mas chegou, finalmente, ao assumpto capital da questão pendente, aos destinos do breve destinado a facilitar a saída do reino aos judeus portugueses. Affeiou em especial ao papa o acolhimento que estes achavam nos estados pontificios. Saíam, ás claras e occultas, de Portugal, com o nome e caracter de christãos, trazendo comsigo seus filhos, para os quaes tinham acceitado voluntariamente o baptismo. Chegavam a Italia, declaravam-se judeus e circumcidavam publicamente aquelles innocentes. Fazia-se isto, a bem dizer, perante o papa e o concilio, ás portas de Bolonha e de Roma; fazia-se, porque sua san-

  1. C. de D. Fr. B. Limpo, l. cit.