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AS FADAS


QUANTAS COISAS aconteceram no Picapau Amarelo que não estão contadas nos livros! Muitas até passaram despercebidas dos meninos, como por exemplo, a festa noturna que Branca de Neve ofereceu ao Gato de Botas. Foi uma festa magnífica em que os sete anõezinhos penduraram nas árvores do pomar inúmeras lanternas chinesas de todas as formas e cores, mas com vaga-lumes dentro em vez de tocos de vela.

O mais curioso dessa festa foi que os convidados não vieram em suas carruagens e coches, e sim no Tapete Mágico, que os príncipes orientais puseram à disposição de Branca. Muito interessante aquilo. O Tapete vinha voando, e chegando bem em cima do pomar descia suavemente e pousava no chão, na clareira que havia entre o pé de pitanga da Emília e o enfezado pé de fruta-do-conde do Visconde. Dele saíam dois, três, quatro, e até seis convidados, todos mal firmes nos pés, tontos da viagem aérea. Em seguida o Tapete voltava para buscar outros.

Embaixo da "mangueira grande" fora armada a mesa do banquete, com uma alvíssima toalha de linho e a rica baixela de prata que os anões de Branca tinham trazido do castelo, para fazer companhia às porcelanas oferecidas pelo Príncipe Amed. O jantar ia ser servido pelos anões e já lá estavam eles trazendo coisas e mais coisas, das mais gostosas. Bolinhos quase iguais aos de tia Nastácia. Pastéis de nata feitos pelas doceiras do céu. Pirâmides de fios-de-ovos. Cocadas de fita, manjar-branco, pé-de-moleque, pudim de laranja, queijadinhas, papo-de-anjo, bons-bocados, canudinhos de cocada com ovo, casadinhos, furrundu, ameixa recheada, pipoca coberta, baba-de-moça, doce de abóbora com coco, doce de figo, doce de cidra, doce de pêssego, doce de leite e mais cem qualidades de doces.