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Não sem galanteria invoca o poeta a Musa, como sua companheira de todos os tempos, bons e maus:

Musa que no florido de meus anos teu furor tantas vezes me inspiraste e na idade em que vêm os desenganos também sempre fiel me acompanhaste, tu, que influxos repartes soberanos deste monte Helicon, que já pisaste, agora me concede o que te peço para seguir seguro o que começo.

O seu verso tem quase sempre esta facilidade e correção. A descrição da sua ilha natal, mais vasada nos moldes clássicos que a de Botelho de Oliveira, tem, conquanto topográfica, a emoção nativista que falta a Bento Teixeira. Pinta a vida dos pescadores da ilha, a pescaria da baleia, sua principal indústria, a fabricação do seu azeite, e noticia os produtos, dons e bens da terra, seus frutos e novidades. E terminando, frouxamente aliás, a descrição da ilha que fica no

Porto em que está hoje situada A opulenta e ilustrada Bahia

assim conclui:

Até aqui Musa: não me é permitido que passe mais avante a veloz pena; a minha pátria tenho definido com esta descrição breve e pequena; e se o tê-la tão pouco engrandecida não me louva mas antes me condena, não usei termos de poeta esperto, fui historiador em tudo certo.