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castelhano. É como historiador que ele tem um lugar na nossa literatura colonial.

Só para o fim da terceira década do século XVIII, se nos antolham alguns escritores em prosa mais estimáveis que os aludidos. Seguindo de perto o seu aparecimento o das academias literárias aqui fundadas desde meados da segunda década, não é porventura indiscreto ver neles influências destas.

Como assembléia ocasional de literatos que reciprocamente se recitavam os seus versos e prosas, havia academias no Brasil ainda em antes do século XVIII. Gregório de Matos, notavelmente, e elas se refere nos seus versos satíricos. Mas como associações literárias e regularmente organizadas datam de 1724. Foi nesta era criada a primeira, a Academia Brasileira dos Esquecidos. Para em tudo imitar as da metrópole, cujo arremedo era, fundava-se conforme aquelas com a proteção real, sob os auspícios do vice-rei, ou antes estabelecida por ele no seu próprio palácio. Nestes termos, imagem acabada do estilo da época e seu, lhe noticia a fundação Rocha Pita, que foi um dos seus membros mais conspícuos:

A nossa portuguesa América (e principalmente a província da Bahia), que na produção de engenhosos filhos pode competir com Itália e Grécia, não se achava com as academias introduzidas em todas as repúblicas bem organizadas, para apartarem a idade juvenil do ócio contrário das virtudes e origem de todos os vícios e apurarem a sutileza dos engenhos. Não permitiu o vice-rei que faltasse no Brasil esta pedra de toque no estimável oiro dos seus talentos, de mais quilates que o das suas minas. Erigiu uma doutíssima academia, que se faz em palácio na sua presença. Deram-lhe fama as pessoas de maior graduação e entendimento que se acham na Bahia, tomando-o por seu protetor. Têm presidido nela eruditíssimos