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aqueles a quem, não obstante não passarem de seis, me proponho a chamar englobadamente de plêiade mineira: Santa Rita Durão, Cláudio Manoel da Costa, Basílio da Gama, Alvarenga Peixoto, Tomás Gonzaga e Silva Alvarenga. Estes merecem lugar separado nesta História.

Outros contemporâneos seus, Domingos Caldas Barbosa (1740-1800), Antônio Mendes Bordalo (1750-1806), Domingos Vidal de Barbosa (1760-1793?), Bartolomeu Antônio Cordovil (1746-1810?), Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha (1769-1811), e que tais versejadores que impertinentemente têm sido anexados à chamada escola mineira, de todo não pertencem ao grupo de poetas com que indiscretamente a formaram. Alguns lhe não pertencem sequer cronologicamente, como Tenreiro Aranha, nascido quando este grupo já ia em adiantada formação. São demais tão insignificantes que podemos dispensar-nos de os levar em conta no estudo da nossa evolução literária. Deles é um dos de melhor engenho o mulato ou crioulo Caldas Barbosa. Nasceu no Rio de Janeiro por volta de 1740 ou nesse ano, e faleceu em Lisboa em 1800. Passou o maior tempo da sua vida em Portugal, como familiar, parasita, quase fâmulo dos condes de Pombeiro, capelão e poeta mercenário dessa família fidalga e generosa. Não tem nenhuma superioridade, porém apenas valerá menos que muitos dos poetas portugueses seus contemporâneos com quem conviveu e emulou. Vivendo a vida portuguesa, conservou, entretanto, alerta, o sentimento íntimo da poética popular brasileira revelado no estilo de algumas composições suas em que desce até as formas indecorosas ou delambidas do verso popular:

Meu bem está mal com eu gentes de bem pegou nele tape, tape, tipe, tipe, ai Céu ela é minha iaiá o seu moleque sou eu.