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E que tais modos triviais do nosso lirismo popular de mistura com reminiscências, sentimento e sensações de cousas brasileiras.

Cuidei que o gosto de amar sempre o mesmo gosto fosse mas um amor brasileiro eu não sei por que é mais doce.

Gentes como isto cá é temperado que sempre o favor me sabe a salgado: nós lá no Brasil a nossa ternura a açúcar nos sabe tem muita doçura Ó! Se tem! Tem Tem um mel mui saboroso é bem bom, é bem gostoso.

Cantados à viola, com os requebros e denguices da musa mulata, e o sotaque meloso do brasileiro, versos tais teriam em Portugal o sainete do exótico, para resgatar-lhes a mesquinhez da inspiração e da forma. Não enriquecem a poesia brasileira. Na história desta, Caldas Barbosa apenas terá a importância de testemunhar como se havia já operado no fim do século XVIII a mestiçagem luso-brasileira, que, primeiro física, acabara por influir a psique nacional. Era natural que essa influência no domínio mental se principiasse a manifestar num mestiço de primeiro sangue, como parece era o «fulo Caldas», dos apodos dos seus rivais portugueses. Depois de Gregório de Matos, na segunda metade do século XVII, o qual pode ser, apesar da sua jactância do contrário, não fosse branco estreme, é com Caldas Barbosa que expressamente se revela na poesia brasileira, a musa popular brasileira na sua inspiração dengosamente erótica e no seu estilo baboso.

Ao contrário da poesia, a prosa aqui escrita no mesmo