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criador da solidariedade. Sendo a mais rica, era também a mais isenta, a mais desvanecida de suas possibilidades. Este desvanecimento bairrista tinha-o Tiradentes em sumo grau. O espírito localista, feição congênita dos mineiros, oriundos das condições físicas e morais do desenvolvimento da capitania, fortificava ali o nativismo ou nacionalismo regional. O sentimento da liberdade e da independência, atribuído geralmente aos montanheses, parece ter em Minas mais uma vez justificado o conceito. Foi este meio que produziu a floração de poetas que é a plêiade mineira. Em qualquer outro do Brasil o seu aparecimento se não compreenderia.

Esses poetas são: Santa Rita Durão (17...-1784), Cláudio da Costa (1729-1780), Basílio da Gama (1741-1795), Alvarenga Peixoto (1744-1793), Tomás Gonzaga (1744-1807?), Silva Alvarenga (1749-1814). Estes são os que formam o grupo até aqui impropriamente chamado de escola mineira, e que chamaremos, porventura, com mais propriedade, a plêiade mineira. Além destes, e pelo mesmo tempo, produziu Minas muitos outros poetas, somenos a este, meros versejadores ocasionais, como sempre os houve aqui, dos quais nenhum ultrapassou a fama local contemporânea. Os mais miúdos noticiadores nomeiam: Joaquim Inácio de Seixas Brandão, Joaquim José Lisboa, Antônio Caetano Vilas Boas da Gama, irmão de Basílio, Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos, Francisco Gregório Pires Monteiro Bandeira, Miguel Eugênio da Silva Mascarenhas, Silvério Ribeiro de Carvalho, Francisco e Domingos Barbosa, Matias Alves de Oliveira. São nomes sem outra significação e valia que o de servirem para atestar a existência em Minas de forças poéticas que ajudam a explicar a formação daquela plêiade.

Mas a só influência deste meio, onde nasceram e se criaram, não bastaria a explicar-lhes o estro e surto poético, e menos a atividade literária. A esse primeiro influxo pátrio juntou-se preponderantemente o de sua longa permanência na Europa, do seu convívio em um ambiente social