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com o intento de conflagrar a capitania e proclamar a sua independência. Não obstante o seu aulicismo e a constância de suas manifestações bajulatórias de veneração a soberanos e magnates portugueses seus delegados, foi Alvarenga Peixoto comprometido nela, preso e, com Gonzaga e seus outros companheiros de suspeição, trazido algemado para as lôbregas masmorras do Rio de Janeiro. Após um longo processo de três anos, delas saiu para o desterro de Ambaca em África, onde pouco depois morreu em 1793.

A crermos os seus biógrafos, incluindo o melhor deles, Norberto Silva, Alvarenga Peixoto escreveu muito maior número de composições do que as que se lhe conhecem, e que Norberto foi quem mais completa e cuidadosamente colecionou. Voltando de Portugal ao Rio de Janeiro, aqui o acolheu benignamente o vice-rei Marquês de Lavradio. No teatro ou «casa da ópera», como lhe chamavam, criado por este vice-rei, fez Alvarenga Peixoto, sempre chegado aos magnates, representar uma tradução em versos de Mérope, tragédia de Maffei e também um drama original, igualmente em versos, Enéias no Lácio. Tal é ao menos a versão de Cunha Barbosa propalada por Norberto, ignoramos com que fundamento. Infelizmente essas tentativas, como as de Cláudio da Costa, e outros que porventura houve, perderam-se totalmente. Assim também se teriam perdido, levadas no tufão da devassa e seqüestros de que foram objeto os acusados de inconfidência e seus bens, muitas outras composições de Alvarenga Peixoto. No que dele nos resta -vinte sonetos, duas liras, três odes incompletas, uma cantata e um canto em oitava rima- percebe-