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cantos, a Livraria Laemmert, desta cidade, em 1863. Dirigiu-a Luís Francisco da Veiga, autor conhecido de vários estimáveis trabalhos históricos, o qual, entre os papéis de seu pai, encontrara um manuscrito do poema. Nesse manuscrito, que aliás não era um autógrafo, ocorre a assinatura de Tomás Antônio Gonzaga (sic) sob a data: Vila Rica, 9 de fevereiro de 1798, no fim da dedicatória em prosa, que precede imediatamente o «Prólogo» igualmente em prosa. O pai do editor literário, Saturnino da Veiga, ainda contemporâneo daqueles poetas, o acreditava de Gonzaga. O primeiro editor das Cartas Chilenas, o escritor chileno aqui residente e redator da Minerva Brasiliense, Santiago Nunes Ribeiro, com a sua edição publicara um outro testemunho da autoria de Gonzaga. É o de Francisco das Chagas Ribeiro, abonado por Nunes Ribeiro como «ancião entusiasta da literatura brasileira, depositário de muitos dos seus tesouros e cujo testemunho, se não é irrecusável, é muito poderoso e digno de respeito». (Apud Cartas Chilenas, edição Laemmert, introdução de L. F. da Veiga). Francisco das Chagas Ribeiro, sobre o qual se me não deparou outra informação, pôs no seu manuscrito esta declaração: «Tenho motivos para certificar que o Dr. Tomás Antônio Gonzaga é o autor das Cartas Chilenas». E assinou.

Estas duas atribuições, por sujeitos ainda contemporâneos do poeta, e ao que parece respeitáveis, bastariam, em boa crítica, para dirimir a questão, se não houvesse contra elas valiosos testemunhos ou documentos.

Depois de estudo mais atento das Cartas, eu, que de primeiro não acreditava fossem de Gonzaga, pendo hoje a crer que dele são, e não vejo razão entre as muitas dadas, que prevaleça contra a atribuição que de sua autoria lhe fazem Saturnino da Veiga e Chagas Ribeiro. Ao contrário, militam a favor do seu testemunho os seguintes motivos: a) pelo seu valor literário e poético (que é muito maior do que se tem dito) não podem essas Cartas ser senão de algum dos poetas conhecidos que viviam em Minas na época da sua composição, não