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amorosíssimo- forçosamente o afastava. O argumento de que o poeta sentimental e mimoso de Marília não podia escrever aquelas violentas Cartas, de virulenta sátira, roçando às vezes pela obscenidade, é de uma pobre psicologia, contradita por mil exemplos da história literária.

Todos os poetas deste grupo, o que talvez se não reproduza mais na história da nossa literatura com qualquer dos grupos literários que nela possamos distinguir, além do estro, tinham a mais completa cultura literária do tempo. Todos fizeram com aproveitamento as suas humanidades, todos, exceto Basílio da Gama, tinham o seu curso universitário, eram doutores em leis ou cânones. Todos parecem a par do saber da sua época, ao menos do que, sem estudos especiais, se adquire com aquela cultura. Os brasileiros do grupo todos saíram do seu país, estanciaram largos anos em Portugal e alguns, como Durão e Basílio, estiveram em Espanha e Itália. Liam os enciclopedistas franceses. Quase todos, além do latim, sabiam o grego, e de ambas as línguas versavam os poetas no original. Durão, afora essas duas línguas clássicas, sabia o hebraico. A todos eram familiares os escritores antigos, particularmente os poetas, e os principais escritores e poetas modernos, italianos, franceses e espanhóis, e ainda alguns ingleses. Cláudio da Costa poetava em italiano, acaso não menos excelentemente que em português, e o podia fazer ainda