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Vilela Barbosa festeja a primavera do seu «pátrio Brasil», retoricamente ainda, mas revendo o sentimento, desajudado de engenho, que o inspirava. O mesmo é exato dizer do Cônego Januário da Cunha Barbosa, cujo talento era também muito inferior às suas boas intenções e cuja obra, em todos os gêneros medíocre, apenas tem o mérito destas. A poesia brasileira deve-lhe entretanto um inestimável serviço, a compilação e publicação do Parnaso brasileiro, com que salvou de total perda grande número de produções dos nossos poetas da época colonial.

A atividade destes poetas é toda dos últimos anos do século XVIII e dos trinta primeiros do XIX. Muitos deles viram as suas obras publicadas, já em volume, já em coleções ou periódicos, na mesma época em que as compuseram. As de outros correram manuscritas ou impressas em folhas avulsas. Afora a tendência assinalada de celebrar a terra, com um mais vivo sentimento do que se pode chamar a sua capacidade política, com que continuavam a inspiração nativista de desde o início da nossa poesia, não há nesta fase nada que a distinga da ruim poesia portuguesa contemporânea, ou que a aproxime do que nesta havia de melhor. Excetuados José Bonifácio e Sousa Caldas, cuja obra é mais sólida e revela mais talento, os mais são de fato insignificantes. Em José Bonifácio só tem aliás valor os poemas inspirados da sua paixão de repúblico fundamente ferido na sua soberba, ou em que ele mais misturou essa paixão. O resto se não sobreleva à mediocridade comum. É de um árcade imbuído de filintismo. Predecessores do Romantismo, não lhe são os precursores, pois bem pouco é o que se lhes possa descobrir pronunciando o movimento que aqui se ia em breve iniciar, e do qual alguns destes poetas foram contemporâneos, inadvertidos. Não souberam sequer continuar os mineiros, dos