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cujos sócios eram em maioria também homens de letras, foram havidas por suspeitas, dissolvida a sociedade e presos e processados os seus membros.

Mariano da Fonseca nasceu no Rio de Janeiro em 1773, e na mesma cidade faleceu em 1848. Formou-se em matemática e filosofia em Coimbra, o que correspondia à profissão de engenheiro. Como aconteceu geralmente a todos os brasileiros de instrução e mérito da época da Independência, teve importante situação política e social no primeiro reinado, distinções honoríficas e altos cargos, senador, conselheiro de Estado. Aos quarenta ou quarenta e um anos começou a publicar no Patriota, de Araújo Guimarães, as suas Máximas, pensamentos e reflexões, sob o pseudônimo de Um brasileiro. Porventura para lhes dar o peso da autoridade de maior experiência, mais tarde, em nova edição que delas fez, declarou havê-las escrito dos sessenta aos setenta e três. Norberto lhe reparou no equívoco e o corrigiu com razão.92 De 1837 a 1841 publicou, já sob o título de marquês de Maricá, as suas Máximas, pensamentos e reflexões em três partes respectivamente, distribuindo-as gratuitamente. Como ele tenha depois facultado a todos a reimpressão das suas obras, devemos crer que esta rara generosidade obedecia a um pensamento de interesse pela doutrinação moral dos seus patrícios. O marquês de Maricá, como La Rochefoucauld, com quem mui indevidamente o comparou uma crítica mais patriótica que esclarecida, não escreveu em sua vida senão máximas. Ele próprio as computou, na última coleção que delas imprimiu, em 1845. É, pois, segundo a qualificação moderníssima e depois do autor do Compêndio do peregrino da América e de Matias Aires, o primeiro moralista da nossa literatura. Não tinha, porém, uma filosofia sua ou sequer alheia afeiçoada pela sua própria experiência e meditação.