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Foste ingrata, mudou-se o teu composto, sofri da ingratidão o cruel corte, anelei no meu mal a torva morte; que mágico poder tem o desgosto!

Choras arrependida?... Ó! Não, serena, serena o rosto teu meu doce encanto; que mágico poder tem tua pena!

Resistir aos teus ais... quem pode tanto?! Que te adore outra vez amor ordena; que mágico poder não tem teu pranto!

Não é, porém, como poeta que Teixeira e Sousa tem um lugar nesta geração e nesta História, mas como o primeiro escritor brasileiro de romance, portanto o criador do gênero aqui. O Período Colonial que com Nuno Marques Pereira tivera no Peregrino da América a primeira ficção, essa, porém, de moral e edificação religiosa, nada produziu que se possa chamar de novela ou romance. A renovação literária indicada por Magalhães produzira algumas novelas e contos, publicados geralmente nos periódicos dessa época e muito poucos dados à luz em volume. Daquelas, a mais antiga são As duas órfãs, de Noberto, aparecida em 1841. Romance propriamente, o primeiro é o Filho do pescador, de Teixeira e Sousa, de 1843. Sucessivamente publicou Teixeira e Sousa mais cinco romances, As fatalidades de dous jovens (1846), Maria ou a menina roubada (1859), Tardes de um pintor ou as intrigas de um jesuíta (1847), A providência (1854), Gonzaga ou a conspiração de Tiradentes (1848-1851). Destes, alguns saíram primeiramente em jornais e periódicos, como a Marmota de Paula Brito. Por esta constância de produção num gênero que, antes que Macedo o seguisse em 1844 com A moreninha, era ele o único a cultivar, ganhou Teixeira e Sousa direito inconcusso ao título de criador do romance brasileiro. Os seus infelizmente tornaram-se para nós ilegíveis, tanta é a insuficiência da sua invenção e composição, e também da sua linguagem.