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maio de 1891. Nesta geração de laboriosos homens de letras, foi um dos mais laboriosos, e a alguns respeitos, um dos melhores e mais úteis deles. Ou porque a existência fosse então mais fácil ou porque o amor desinteressado das letras fosse então maior, é certo que nenhuma geração literária brasileira antes ou depois desta trabalhou e produziu tanto como esta. As bibliografias de Norberto enumeram-lhe cerca de 80 obras diversas, grandes e pequenas, desde 1841 publicadas em volume ou em jornais e revistas, afora prefácios, introduções crítico-literárias a obras que editou e outras. No acervo literário encontra-se-lhe de tudo, poesia de vários gêneros, teatro, romance, biografia, ensaios e estudos literários, administração pública, história política e literária e crítica. Como Norberto não tinha nem o talento, nem a cultura, pois era um fraco autodidata, que presume tamanha e tão variada produção, é ela na máxima parte medíocre ou insignificante. Deste enorme lavor apenas se salvam, para bem da sua reputação, os seus vários trabalhos sobre as nossas origens literárias, os seus excelentes estudos sobre os poetas mineiros, a sua grande e boa monografia da Conjuração Mineira e algumas memórias históricas publicadas na Revista do Instituto. Por aqueles trabalhos é Norberto, depois de Varnhagen, o mais prestimoso e capaz dos indagadores da história da nossa literatura, um dos instituidores desta. Como crítico, porém, sacrifica demais ao preconceito nacionalista de achar bom quanto era nosso, de encarecer o mérito de poetas e escritores somenos, no ingênuo pressuposto de servir à causa das nossas letras. Ele as serviu otimamente aliás, menos pelo que de original produziu, que é tudo secundário, ou por esse zelo indiscreto delas que fê-las suas conscienciosas investigações de alguns tipos e momentos da nossa história literária, e publicações escorreitas de algumas obras que andavam inéditas ou dispersas e desencontradiças dos nossos melhores poetas coloniais.

Concorreu mais para avultar grandemente a produção literária do seu tempo e geração. Na esteira de Magalhães