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sem nenhum escrúpulo de investigação e de estudo. Os seus grossos tomos de biografia são totalmente sem préstimo.

A sua primeira obra em livro é o romance A moreninha, de 1844. Seguem-se-lhe, no ano seguinte, O moço loiro (2 vols. In-8.º), em 1848, Os dois amôres (2 vols. In-8.º), em 49 Rosa e, a breves trechos, Vicentina, O forasteiro (aliás escrito antes de todos estes), O culto do dever, A luneta mágica, O Rio do Quarto, Nina, As mulheres de mantilha, Um noivo e duas noivas, e outros, sem contar as novelas colecionadas sob vários títulos. A maior parte tem mais de um tomo.

A moreninha foi um acontecimento literário e popularizou-se rapidamente. A crítica exultou com o seu aparecimento. Dutra e Melo, na Minerva Brasiliense, do mesmo passo que o celebra com grandes gabos, expõe a teoria do romance como devia ser e era aqui praticado. Preconiza o romance histórico e o romance filosófico, que ainda ninguém aqui fizera, contanto que neste se não sigam «os delírios da escola francesa, um Louis Lambert por exemplo». Se bem cair no preceito do Omne tulit punctum qui miscuit utile dulci, deve esse romance tornar-se moralizador e poético. Reconhece que «autores de merecimento, poetas distintos (aludiria certamente a Magalhães, Teixeira e Sousa e Noberto) se tinham já ocupado do romance sentimental produzindo belas páginas». De todo esse artigo de escritor então muito conceituado, deduz-se que o romance devia ser poético, sentimental, moralizador. Foi assim realmente que mais ou menos o fizeram os romancistas dessa geração e ainda da seguinte.

A moreninha consagrou definitivamente o autor que até a sua morte foi conhecido como «o Macedo d'A moreninha» ou também pelo apelido familiar de «o Macedinho».