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que adicionou ao seu livro. O desaparecimento de Manoel de Almeida, quase imediato à publicação do seu romance, o triunfo inconteste da romântica de Alencar, prejudicariam essa obra até então a mais original e a mais viva da nossa ficção e lhe impediriam de ter a influência que nela merecia ter tido e que porventura lhe daria outra e melhor feição. A sua reedição em 1862, por Quintino Bocaiúva, ainda todo devotado às nossas letras, embora provando que a certos espíritos não era o seu valor desconhecido, ainda encontrou a opinião pública a mesma em matéria literária. Só muito mais tarde, quando o naturalismo entrou a desbancar o Romantismo que aqui se procrastinava, se começaria a ver no romance de Manoel de Almeida e precursor indígena, mas sempre desconhecido, da romântica em voga.

Simultaneamente com Alencar, dous romancistas principalmente disputavam a atenção do nosso público, Joaquim Manoel de Macedo e Bernardo Joaquim da Silva Guimarães. Cronológica e literariamente, Macedo pertencia à primeira geração romântica. Era um genuíno produto daquele momento e meio literário, e foi na sua plena vigência que estreou nas letras, iniciando do mesmo passo com Teixeira e Sousa o romance, e com Martins Pena e Magalhães o teatro brasileiro. Escritor copiosíssimo como, excetuado presentemente o Sr. Coelho Neto, não tivemos outro, Macedo, aliás sem jamais progredir nem variar, ultrapassou a sua época e foi ainda o mais abundante dos prosistas da segunda geração. Sem falar dos seus livros de história ou de crônica e numerosos escritos políticos e literários dispersos em jornais e revistas, tudo geralmente insignificante, são da fase ocupada por esta geração (1850-1870) os Romances da semana, O culto do dever, A luneta mágica, As vítimas algozes, Nina, As mulheres de mantilha, A namoradeira, A baronesa do amor, para não citar senão os, aos menos pelo tomo, mais consideráveis. E no teatro, excetuado o Cego, que é de 1849, é desta mesma fase toda a sua abundante literatura dramática.