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pese ao estúpido desdém pelo verdadeiro e notável poeta que é Casimiro de Abreu, facilmente se verifica que eles lhe sofreram a influência e freqüentemente o imitaram, raro o igualando e nunca o excedendo na realidade da emoção nem no sublime da expressão. Pela profundeza e sinceridade do seu sentimento poético, tem ele mais razão de viver do que estes; já vive de fato mais do que eles viverão, e o futuro, não duvido vaticinar, o desforrará cabalmente dos seus tolos desdéns.

Tristeza ingênita, melancolia amorosa, acerba nostalgia, angustioso sofrimento de uma alma rica de ingênuas e ardentes aspirações de glória e de amor, tudo deu a este delicioso poeta a feição dolorosa que ainda no meio dos poetas dolentes da sua geração o distingue. Tinha também, como os outros, o pressentimento da morte prematura. Mais de um poema seu o declara ou o revê.

A um amigo recém-morto dizia:

Dorme tranqüilo à sombra do cipreste... -Não tarda a minha vez;

Com efeito, dois anos depois, finava-se com vinte e três de idade, na sua fazenda ou sítio de Indaiaçu, no torrão natal, às cinco horas e vinte e cinco minutos da tarde do dia 18 de outubro de 1860.

V. Poetas menores

Tais são estes poetas, os principais da geração que, estreando pelos anos de 1850, viveu literariamente até o fim da seguinte década e ainda além. Afora estes, poetaram, por esse tempo, com ou sem livros publicados, Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889), José Bonifácio de Andrada