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dos poetas que puderam conhecê-los e a sua dispersa produção, inegável influência. São antes dous grandes nomes literários, algo lendários, que dous escritos notáveis.

Está exatamente nas mesmas condições Pedro Luís Pereira de Souza (1839-1884). Também ele foi um poeta brilhante, o precursor da inspiração política e social e do que depois se chamou condoreirismo, na nossa poesia, político de relevo, jornalista, conversador agradabilíssimo, segundo quantos o trataram, e homem do mundo de rara sedução. Deixou meia dúzia de poemas, os melhores no tom épico (Os voluntários da morte, Terribilis Dea) que todo o Brasil conheceu, recitou e admirou. Mas a sua obra dispersa de mero diletante, se lhe criou um nome meio lendário como o de José Bonifácio e Francisco Otaviano, não basta a assegurar-lhe um posto de primeira ordem na nossa poesia.

Sem lhes ter a fama, valem acaso mais para a história da nossa literatura Teixeira de Melo, Aureliano Lessa e principalmente Bernardo Guimarães. Teixeira de Melo, cujas Sombras e sonhos precederam as Primaveras de Casimiro de Abreu, e que era um quase conterrâneo do poeta da alma triste, era também, como ele, de seu natural melancólico. A sua tristeza nativa e o seu estro sofreram a influência de Gonçalves Dias, mas por sua vez o seu lirismo não deixou de influir no de Casimiro de Abreu, em que se encontram imagens e expressões de poemas das Sombras e sonhos, e que epigrafou com versos destes poemas as suas Primaveras. Mas Teixeira de Melo, com desenganados queixumes métricos da vida, cedo abandonou a poesia e burocraticamente, fazendo bibliografia e erudição, viveu septuagenário. Como poeta, além de ser um legítimo e estimável representante da poética da sua geração, foi um dos mais corretos versificadores dela, devendo-lhe a arte do verso aqui as melhorias de um alexandrino mais perfeito do que antes dele se fizera e de nas estrofes de quatro versos rimá-los sempre alternadamente, o que antes só excepcionalmente se fazia.