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Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/101

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A moça era formosa por sua rara beleza, e fora o alvo cobiçado e disputado por muitos e guapos pretendentes de fora e do lugar. Era filha do major José Ferreira, um dos mais abastados fazendeiros de toda a comarca e chamava-se Lucinda.

Pelo nome e pelos predicados o leitor já terá atinado que a noiva não era mais nem menos senão a namorada, a senhora dos pensamentos do jovem muladeiro Eduardo, que vimos quase papado por uma onça na fazenda de Joaquim Ribeiro, querendo salvar-lhe a filha. Adivinhou e sem dúvida terá também adivinhado que o noivo era o próprio Eduardo, e nada mais natural; eram dois amantes firmes, que há muito tempo se queriam, e dignos um do outro; dois belos e interessantes jovens, para os quais de há multo o himeneu entretecia sorrindo os laços de seda e ouro, com que devia uni-los para sempre.

No momento, em que os dois guapos e jovens noivos com as mãos enlaçadas recebiam em face do altar-mor a bênção nupcial, um viandante cavalgando uma linda e possante mula coberta de poeira e suor, envolto em uma pala de linho branco, e calçando botas de mateiro guarnecidas de largas chilenas de prata, entrava pela vila e passando pelo largo da matriz, ao ver aquela influência de povo e alvoroto festival,