Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/105

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– Meu filho, se eu disser que aí não houve de todo sua tal ou qual velhacaria da parte do moço, minto. Mas his­tórias! aquilo é mesmo gente sem cruz nem cunho.

– Ah!... logo vi. Então sempre houve patranha.

– Um enredo que de nada valeria, se eles fossem pes­soas de palavra.

– Mas enfim, minha mãe, qual foi esse enredo?... estou ardendo por sabê-lo.

– Tu pensas, que não se soube logo por aqui de uma célebre caçada de onça, em que andaste lá pela Uberaba?... Correu por aqui que com risco de vida tinhas livrado das goelas de uma onça uma mocinha, filha de um fazendeiro muito rico, e que dizem ser linda como um sol.

– Até aí tudo é pura verdade; mas que tem isso com...

– Vai escutando. Disseram mais que ficaste por tal forma embelezado pela tal mocinha, que te invernaste na dita fazenda a ponto de parecer que de lá nunca mais sairias, que eras lá todo de dentro, e já parecias um filho da casa; que já nem cuidavas de teus negócios, e mil outras coisas, que não me lembro.

Eduardo suspirou. Este suspiro era um pensamento vago, que queria dizer: – Pobre Paulina!... antes assim tivesse acontecido!