Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/168

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– Pois bem! – exclamou por fim Eduardo, já não podendo sofrear sua impaciência e indignação; – já que o senhor é um desalmado, e tem a cabeça tão rija como uma bigorna, fique-se embora com sua teima infernal; mas esteja bem certo que o senhor não se casa senão com um cadáver, e esse cadáver é feito pelas suas mãos. Paulina, sua prima, morre de paixão, e é o senhor quem lhe cava a sepultura.

– Não me venha com pataratas, senhor Eduardo; o que lhe convém é tratar de cumprir o seu juramento, retirando-se desta casa.

– Sei mais do que o senhor cumprir a minha palavra. Olhe que num momento posso me ver livre do senhor e desse desastrado juramento... porventura jurei de não matá-lo?...

Eduardo, ébrio de cólera, já apalpava o cabo da faca, que trazia presa à cava do colete, quando Joaquim Ribeiro que da varanda os observava, e vendo que os dois moços alteravam vozes, descera ao curral e se avizinhara sem que eles dessem fé, avançou e agarrando seu sobrinho pelo braço, bradou-lhe:

– Mas eu não lhe jurei nada, senhor meu sobrinho!... nosso contrato está rasgado, porque vejo que o senhor é um homem desalmado e indigno da mão de minha filha. Nem viva nem morta ela nunca lhe