que em tão contínuo contato com sua formosa prima não ficasse gostando dela.
Carlito por sua parte era um adolescente lesto, bem disposto, e de encantadora presença. Ainda mais uma circunstância era própria para torná-lo agradável aos olhos de Jupira; era ágil e travesso como ela; tinha artelhos de aço, e corria e saltava como um gamo; trepava a uma árvore como um sagüi, e nadava como a lontra.
Foi vagueando e brincando à sombra dos laranjais em flor, ao murmúrio da fonte do quintal, que aquelas duas almas, virgens como duas pombas novas que começam a bater as asas fora do ninho, arrularam em segredo seus primeiros amores.
Por alguns meses assim se lhes passaram rapidamente os dias no enlevo daquelas primeiras emoções de um amor virginal, naqueles eflúvios da alma tão puros e deliciosos como essas exalações balsâmicas, que a brisa da madrugada levanta dentre os rosais orvalhados. Carlito amava como menino que era. Era mais a febre dos desejos sensuais que lhe agitava o sangue juvenil à vista dos sedutores encantos de sua prima, do que o coração que acordava suspirando ao sopro de uma paixão. O amor de Jupira era amor de cabocla, ardente como o sol do deserto que lhe dourava a tez, profundo como os abismos