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Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/233

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do rio, e foi cuidadosamente esconder-se em uma moita donde a esteve espreitando muito a seu sabor. Dali em diante todas as vezes que Jupira ia ao seu costumado banho, tinha sem o saber um espectador invisível, que a espreitava e cevava olhos ávidos e ardentes na contemplação de seus mais ocultos encantos.

Um dia, porém, Carlito, petulante e lascivo como um sátiro, não se pôde mais conter.

– Vou aparecer-lhe, dê no que der; – murmurou con­sigo o rapaz. – Que mal me poderá fazer uma fraca rapariga? tenho boas pernas e braços e sei nadar e correr... e tam­bém se ela me matar, terei muito gosto em receber a morte das mãos dela.

Jupira brincava descuidada no rio, ora boiando serena ou resvalando à flor da água em todas as posições, ora dando pulos e mergulhando como a lontra, ora espanejando-se e fazendo saltar uma chuva de aljôfares sobre sua cabeça, como a marreca silvestre a bater as asas lavando a luzidia plumagem. Eis senão quando ouve um barulho como de um corpo que caiu de golpe na água, e sumiu-se no fundo. Olhou assustada em roda de si arredando dos olhos os cabelos enso­pados, mas nada viu.

– Não pode ser senão alguma ariranha, – pensou Jupira. –