Jupira contemplou muda, por alguns instantes, o cadáver de seu infeliz amante com os braços cruzados, os olhos em brasa, engolindo lágrimas e soluços, que ninguém poderia dizer se eram de furor ou de angústia, de dó ou de terror, de remorso ou de desesperação, porque era de tudo ao mesmo tempo.
– Está satisfeita comigo? perguntou o mancebo olhando para ela com terror e desconfiança.
– Oh! muito! muito! – respondeu-lhe com um sorriso satânico, – agora pode entregar-me a minha faca.
Quirino assombrado restituiu-lhe a faca ensangüentada.
– Bem! podemos agora dar sepultura a este pobrezinho, disse apontando para o meio do rio, e entrando para a canoa.
Quirino tangeu-a para o meio do rio.
– Olha, moço! continuou ela com os olhos fitos no cadáver; – não era tão lindo o meu Carlito!... oh! muito!... muito lindo!... quero dar-lhe ainda um beijo... não tenha ciúmes, moço... é um derradeiro adeus.
Jupira abaixou-se sobre o cadáver que estava de bruços, afogado em sangue, voltou-o de costas, e cobriu-lhe os lábios e as faces de ardentes e repetidos