Assim, se tomardes um lugar em roda do fogo, que aquece no rancho o caldeirão do tropeiro, ou vos sentardes na varanda do fazendeiro em horas de serão a conversar com o sertanejo, ouvireis sinistras lendas, horríveis histórias de sangue e vingança, e interessantes e românticos episódios de amor, acontecidos naquelas paragens, como este cuja história vos estou contando.
Eduardo, – assim se chamava o caçador ferido – era um moço natural da Vila Franca na província de S. Paulo, alto, bem feito, e de fisionomia agradável e simpática, onde transluziam os dotes de sua alma nobre e bem formada. Era muladeiro; ia todos os anos à feira de Sorocaba ou Curitiba, a comprar bestas, que vendia pelas províncias de S. Paulo, Minas e Goiás. Andava então no giro de seu negócio, e tinha invernado a sua mulada na fazenda vizinha, pertencente a um primo do pai de Paulina, a quem já aludimos no capítulo antecedente. Durante esse tempo divertiu-se em caçadas, a que era muitíssimo afeiçoado, o que deu ocasião ao lamentável incidente, que teve lugar na roça de Joaquim Ribeiro.
O fazendeiro vizinho e um filho seu por nome Roberto eram também da partida. Aquele depois de ter acompanhado o ferido a casa do seu parente, despediu-se e retirou-se para a sua fazenda com os outros