caçadores, recomendando-lhe toda a paciência e cuidado com o ferido, por ser muito seu amigo, e digno de toda a estima e apreço. Roberto, porém, a pretexto de fazer companhia a Eduardo, deixou-se ficar; mas não fazia mais do que aproveitar-se com avidez da ocasião que se lhe oferecia de passar alguns dias junto de sua prima Paulina, por quem desde criança tinha uma paixão louca. Havia mesmo já como um ajuste tácito entre os pais para o casamento dos dois primos, e já desde a infância os entretinham em ar de brinco com essa idéia; – mau costume que há nas nossas famílias, e que às vezes produz funestos resultados. Disse – ajuste entre os pais, porque Paulina por sua parte ouvia sempre falar nisso com a maior indiferença, e entendia que aquilo não passava de um brinquedo entre crianças. Roberto, porém, moço que teria vinte anos de idade, sentia por sua prima uma verdadeira e ardente paixão, alimentada constantemente desde a infância com os mais lisonjeiros sonhos de esperança e de futuro. Além disso encantava-o a perspectiva de uma rica herança que teria de vir-lhe às mãos inteirinha sem outro trabalho mais que esperar que seu futuro sogro cerrasse para sempre os olhos no leito da morte.
Roberto era um sertanejo de grosseira educação, de gênio