Todas essas frioleiras introduzia na conversação, viessem ou não a propósito, porém com ar tão aparvalhado e com tal desazo, que bem se estava vendo que tudo aquilo não passava de um expediente muito cediço, de que lançava mão a ver se picava o amor-próprio de Paulina, e se com o seu desdém ela se mostrava ofendida. Foi tempo e trabalho perdido. Paulina bem pouca atenção lhe prestava, e Eduardo sorria-se interiormente de tantas parvoíces e impertinências.
Vendo com o maior desgosto que nenhum lucro tirava de semelhante estratégia, Roberto mudou as guardas, e tratou de ensaiar o sistema contrário. Começou a rodear Paulina de tantos cuidados e atenções, a dirigir-lhe tais lisonjas e galanteios, que além de ridículo o tornavam soberanamente importuno. Todas as vezes, que Paulina aparecia na sala, na varanda, no jardim, lá surgia pela frente o primo, endereçando-lhe finezas as mais cediças, cumprimentos os mais grotescos, que fariam rir Paulina, se não tivesse o espírito tão preocupado, o coração tão cheio de cuidados e inquietações.
– Ah! prima da minha alma! não faz idéia como está bonita!... esta prima é um peixão!... é mesmo um sol!...
Outras vezes tornava-se todo solícito pela sua saúde. –