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Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/78

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se bruscamente de permeio na conversação seria uma grosseria, que iria ma­goar sua prima, a quem ao lado do muito amor tinha ele muito respeito ou antes muito medo.

– Com mil diabos! exclamava Roberto trincando os dentes e arrancando os cabelos. – Lá estão a conversar sozi­nhos! o que estarão cochichando aquelas duas almas! eu dera a vida por ouvir tudo!... aquela prima jurou de me estraça­lhar o coração. Doidinha!... às barbas de seu pai, e à minha vista, estar a cochichar com um estranho!... e continuam!... não sei onde estou que... e como se estão derretendo um com outro! oh! não! isto é demais... não consinto.

Entretanto aquele silêncio e serenidade, que ainda há pouco reinava em torno daquela pacífica habitação, tinha-se convertido em tumulto e algazarra infernal. O gado que che­gava do campo e entrava de tropel pela porteira do curral, atordoava o ar com seus mugidos; não menos atordoadora era a gritaria dos campeiros, que o tocavam. Os negros que vinham do trabalho e se recolhiam às senzalas ou conversando ou cantando em voz baixa ao toque da marimba faziam um zum­bido semelhante ao das abelhas, quando se recolhem ao col­meal. Não menos gritava o patrão lá de sua varanda inter­rompendo a