encostado ao peitoril da varanda, armado de um bom par de óculos, lendo um grosso e velho alfarrábio. Não havia muito tempo que Eduardo se achava ali entregue a seus pensamentos, quando Paulina descendo ligeiramente a pequena escada de pedra que vinha dar ao curral, trouxe-lhe uma cesta de laranjas, e lhas ofereceu com um encantador sorriso e expressões cheias de amabilidade. Como seu pai se achava ali à vista entendeu que nenhum mal ia à sua honestidade e recato em conversar a sós com Eduardo alguns momentos. Há muito que suspirava por uma ocasião de entreter-se com ele sem testemunhas, e procurar devassar-lhe, se possível fosse, os segredos do coração, e por isso aproveitou-se com sofreguidão daquela primeira oportunidade que se lhe oferecia, e vencendo a custo o natural pudor e acanhamento, encetou timidamente uma conversação cuja direção já tinha ideado.
O primo Roberto, porém, que sempre desconfiado e ardendo em zelos não perdia um só passo de Paulina e Eduardo, já de uma janela os estava observando, e não podia suportar com paciência aquele espetáculo, que o torturava. Interromper e perturbar a todo transe e de qualquer modo que fosse, aquilo que a seus olhos era uma entrevista despejada e escandalosa, foi logo o seu pensamento. Intrometer-