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Página:Historias da meia noite.djvu/10

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historias da meia noite

se faça homem. No caso de lhe achar geito para andar com plantas e mineraes, como o senhor, não se acanhe; dê-lhe o destino que lhe parecer como se fôra seu pae, que o é, espiritualmente fallando.

— Quem sabe se eu viverei n’esse tempo? disse o naturalista.

— Oh! há de viver! protestou Seabra. Esse corpo não engana; a sua têmpera é de ferro. Não o vejo eu andar todos os dias por esses mattos e campos, indifferente a soes e a chuvas, sem nunca ter a mais leve dôr de cabeça? Com metade dos seus trabalhos ja eu estava defunto. Ha de viver e cuidar do meu rapaz, apenas elle tiver concluido ca os seus primeiros estudos.

A promessa de Seabra foi pontualmente cumprida. Camillo seguiu para Paris, logo depois de alguns preparatorios, e alli o padrinho cuidou d’elle como se realmente fôra seu pae. O commendador não poupava dinheiro para que nada faltasse ao filho; a mezada que lhe mandava podia bem servir para duas ou tres pessoas em eguaes circumstâncias. Alêm da mezada, recebia elle por occasião da Paschoa e do Natal amendoas e festas que a mãe lhe mandava, e que lhe chegavam ás mãos debaixo da fórma de alguns excellentes mil francos.

Até aqui o unico ponto negro na existencia de Camillo, era o padrinho, que o trazia peado, com receio de que o rapaz viesse a perder-se nos precipicios da grande cidade. Quiz, porêm, a sua boa estrella que o