Página:Historias da meia noite.djvu/120

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— Se aquelas fitas me quisessem levar ao céu! dizia outro de suíças castanhas e orelhas pequeninas.

Desejos ambiciosos os destes dois rapazes, — ambiciosos e vãos, porque ela, se alguém lhe prende a atenção, é um moço de bigode louro e nariz comprido que está agora conversando com o subdelegado. Para ele é que Rosina dirige de quando em quando os olhos, com disfarce é verdade, não tanto porém que o não percebam as duas moças que estão ao pé dela.

— Namoro ferrado! dizia uma delas à outra fazendo um sinal de cabeça para o lado do moço de nariz comprido.

— Ora, Justina?

— Calúnias! acudiu a outra moça.

— Cala-te, Amélia!

— Você quer enganar a gente? insistia Justina. Tire o cavalo da chuva! Lá está ele olhando... Parece que nem ouve o comendador. Pobre comendador! para pau-de-cabeleira está grosso demais.

— Olha, se você não se cala eu vou-me embora, disse Rosina fingindo-se enfadada.

— Pois vá!

— Coitado do Ernesto! suspirou Amélia do outro lado.

— Olhe que titia pode ouvir, observou Rosina olhando de esguelha para uma velha gorda, que, assentada ao pé do sofá, referia a uma comadre as diversas peripécias da última moléstia do marido.

— Mas por que não veio o Ernesto? perguntou Justina.