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historias da meia noite

amava loucamente, de tal modo que promettia anniquilar a quem quer que ousasse levantar olhos para ella.

— É o que lhe digo, Camillo, confessava o filho do commerciante, se alguem tiver o atrevimento de pretender essa moça póde contar que ha no mundo mais dois desgraçados, elle e eu. Não ha de acontecer assim felizmente; la todos me conhecem; sabem que não cochilo para executar o que prometto. Ha poucos mezes o major Valente perdeu a eleição so porque teve o atrevimento de dizer que ia arranjar a demissão do juiz municipal. Não arranjou a demissão, e por castigo tomou taboca; sahio na lista dos supplentes. Quem lhe deu o golpe fui eu. A cousa foi…

— Mas porque não se casa com essa moça? perguntou Camillo desviando cautelosamente a narração da última victória eleitoral de Soares.

— Não me caso porque… tem muita curiosidade de o saber?

— Curiosidade… de amigo e nada mais.

— Não me caso porque ella não quer.

Camillo estacou o cavallo.

— Não quer? disse elle espantado. Então por que motivo pretende impedir que ella…

— Isso é uma história muito comprida. A Isabel…

— Isabel?… interrompeu Camillo. Ora espere, sera a filha do Dr. Mattos, que foi juiz de direito ha dez annos?

— Essa mesma.