dezoito navios que constituiam a frota portugueza. É porém natural que os portuguezes se offendessem com essa precaução, e desfigurassem as intenções de Carlos III tomando-as á conta de descortezes para com a infanta, e de hostis para com elles.
As condições hygienicas de Portugal eram realmente deploraveis então. A peste tinha devastado o reino annos antes, e, referindo-se á morte de D. Manuel, diz Garcia de Rezende na Miscellania:
N'este anno se finou
o gran rei D. Manoel,
quantos comsigo levou
a morte triste, cruel?
que rei, que gente matou?
duzentos homens honrados,
em que iam muitos d'estados,
vivos que então se finaram
de modorra, e escaparam
muitos já quasi enterrados.
É certo que em torno da infanta D. Beatriz se levantaram desde o principio algumas recriminações. Mas não partiam do duque de Saboya nem procediam de ciumes. Partiam do povo.
D. Beatriz tinha sido educada na opulencia e, como era natural, não perdêra facilmente esse habito. Os saboyanos achavam-na altiva, orgulhosa, e criticavam n'ella os costumes de Portugal.