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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES


Panetra; um certo Taurauvédez, que se appellidava D. Pedro Francisco Correo da Silva, feito ao pintar, mas só elle mais tolo do que todos os portuguezes juntos. Era mais altivo do seu nome que da sua boa figura; ora o duque de Buckingham, ainda mais tolo do que elle, e mais zombeteiro, atrambolhou-lhe a alcunha de Pierre du Bois. O pobre Correo da Silva indignou-se a tal ponto que, depois de muitas queixas inuteis e algumas ameaças sem effeito, teve que deixar a Inglaterra, ao passo que o feliz duque de Buckingham herdava d'elle uma nympha portugueza, que lhe tinha roubado, bem como dois dos seus appellidos, a qual nympha era ainda mais horrorosa que as damas da rainha. Completavam o sequito seis capellães, quatro padeiros, um perfumista judeu, e um certo official, apparentemente sem funcção, que se denominava o barbeiro da infanta (sic). Catharina de Bragança não se preoccupou de brilhar na côrte encantadora onde vinha ser rainha, se bem que mais tarde conseguisse evidenciar-se algum tanto. O cavalheiro de Grammont, desde longo tempo conhecido da familia real e da maior parte dos homens da côrte, não teve mais do que fazer conhecimento com as damas. Para isso não lhe era preciso interprete. Ellas fallavam o bastante para explicar-se, e entendiam o francez preciso para comprehenderem o que se lhes dizia.

«A côrte era sempre numerosa junto da rainha; junto da princeza era menor, comquanto fosse mais escolhida.»