A lenda cahiria então em algum descredito, que aliás não foi completo, como logo veremos, mas, a locução, havendo-se tornado tradicional, permaneceria, chegando até nós. Para de algum modo satisfazer á curiosidade ingenua das creanças, dir-lhes-iam que todos os meninos vinham de França, como o da lenda. E assim o phenomeno physiologico da maternidade ficaria na imaginação das creanças envolvido no mesmo mysterio, que pesou sobre o nascimento de um filho de D. Affonso III e da condessa de Bolonha até ao dia em que na igreja de S. Domingos foi aberta a respectiva sepultura.
E quantos espiritos populares não passaram d'esta para outra vida com a convicção de que effectivamente um menino, filho do rei portuguez, viera de França, por ordem de sua mãi! Similhantemente, os espiritos infantis dos loiros babys acreditam ingenuamente que os seus irmãos pequeninos, como elles proprios, vieram de França por ordem de sua mãi e... de seu pai. A differença, que é insignificante, está apenas na parceria da encommenda.
O menino de S. Domingos era um mysterio, um segredo, como aquelle que para as credulas creaturinhas deve envolver o facto da gestação e do nascimento, em toda a sua verdade physiologica.
Com o reconhecimento do cadaver desfez-se o mysterio, mas a lenda subsistiu conservando a locução, tanto mais que ficou a perpetuar a lenda um monumento em que a imaginação popular a materialisou.