certo bem mais agradavel que essas negociações houvessem surtido effeito, porque lhe permittiriam vingar-se do escrivão da puridade pelo seu proprio braço, como fizera ao duque de Vizeu, ou pelo braço do algoz, como fizera ao duque de Bragança. Mas, posto falhassem os meios a que primeiro recorrêra, não desistíra da vingança. Empregou outros, o da corrupção pelo ouro, sob promessa talvez de que, além do ouro, a sua protecção salvaria o sicario.
N'este ponto enganou-se D. João II.
Morto Fernão da Silveira pelo conde de Palhaes, o rei de Portugal quiz effectivamente valer-lhe, como decerto havia promettido. Mas o mais que pôde conseguir foi que a regente, em nome do rei de França, lhe commutasse a pena de morte em prisão perpetua.
É natural que o catalão désse ao diabo a empreza, vistos os resultados. O ouro que recebêra não podéra ganhar-lhe a liberdade; e D. João II apenas lográra salvar-lhe a vida.
Alvaro Rodrigues, o bastardo de Fernão da Silveira, fôra conduzido a casa por pessoas compassivas que o acompanharam. Levava o fato salpicado de sangue do pai, e impressos para todo o sempre na memoria os pormenores do seu tragico assassinato.
A mãe abraçou-se chorando ao filho, e rompeu em apostrophes violentas contra o tyranno que assalariára o sicario para que elle, á luz do dia, perpetrasse um homicidio dentro da cidade dos papas.
Na memoria infantil do pequeno Alvaro conden-