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--Creio nos teus olhos, Kinnara, que são o sol e a luz do universo.

--Mas cumpre-lhe escolher:--ou crêr na alma neutra, e punir a academia viva, ou crêr na alma sexual, e absolvel-a.

--Que deliciosa que é a tua boca, minha doce Kinnara! Creio na tua boca: é a fonte da sabedoria.

Kinnara levantou-se agitada. Assim como o rei era o homem feminino, ella era a mulher mascula--um bufalo com pennas de cysne. Era o bufalo que andava agora no aposento, mas d'ahi a pouco foi o cysne que parou, e, inclinando o pescoço, pediu e obeteve do rei, entre duas caricias, um decreto em que a doutrina da alma sexual foi declarada legitima e orthodoxa, e a outra absurda e perversa. N'esse mesmo dia, foi o decreto mandado á academia triumphante, aos pagodes, aos mandarins, a todo o reino. A academia poz luminarias; restabeleceu-se a paz publica.


III

Entretanto, a bella Kinnara tinha um plano engenhoso e secreto. Uma noite, como o rei examin