Página:Innocencia (1872).djvu/107

Wikisource, a biblioteca livre

—Agora, muito bem... Dormi, meu bom amigo, como quem não tem pecados...

—Então, observou Cirino, quase mau grado seu, tenho-os eu; porque, da meia-noite para cá, não pude mais pregar olho...

—Isto e volta de algum namoro, replicou Pereira, batendo-lhe com força no ombro e rindo-se.

Cirino descorou ligeiramente.

— Sim, vosmecê é moço... deixou lá por Minas algum rabicho, e de vez em quando o coração lhe comicha... Está na idade...

—Pode muito bem ser, apoiou Meyer com gravidade.

—Não é? insistiu Pereira. Ora, confesse... não lhe fica mal... Isso é volta de enguiço...

—Juro-lhes, balbuciou Cirino.

—Oh! se é, confirmou José Pinho, que julgou dever meter o bedelho na conversa, eu no Rio de Janeiro... Negócio de salas, é de por um homem tonto. Não lhes conto nada, mas uma vez...

Voltou-se o alemão para ele com calma, e, interrompendo-o:

—Juque, vá ver onde estão burrinhos e não bote sua colher, quando gente branca está falando com o seu patrão.

E, como o camarada quisesse retorquir:

—Ande, ande, verberou sempre sereno, discussão nunca serviu para nada.

Deu José meia dúzia de muxoxos abafados e foi embora, praguejando entre dentes.

Novamente supôs Meyer dever desculpá-lo.