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Página:Innocencia (1872).djvu/108

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—Bom homem, disse, bom homem... porém fala terrivelmente!

—Mas agora me conte, perguntou Pereira com ar de quem queria certificar-se de coisa posta muito em dúvida, deveras o senhor anda palmeando estes sertões para fisgar anicetos?

—Pois não, respondeu Meyer com algum entusiasmo; na minha terra valem muito dinheiro para estudos, museus e coleções. Estou viajando por conta de meu governo, e já mandei bastantes caixas todas cheias... E muito precioso!

—Ora, vejam só, exclamou Pereira. Quem havéra de dizer que até com isso se pode bichar! Cruz! Um homem destes, um doutor, andar correndo atrás de vagalumes e voadores do mato, como menino às voltas com cigarras! Muito se aprende neste mundo! E quer o senhor saber uma coisa? Se eu não tivesse família, era capaz de ir com vosmecê por esses fundões afora, porque sempre gostei de lidar com pessoas de qualidade e instrução... Eu sou assim... Quem me conhece, bem sabe. Homem de repentes... Vem-me cá uma idéia muito estrambótica às vezes, mas embirro e acabou-se; porque, se há alguém esturrado e teimoso, é este seu criado... Quando empaco, empaco de uma boa vez... Fosse no tempo de solteiro, e eu me botava com o senhor a catar toda essa bicharada dos sertões. Era capaz de ir dar com os ossos lá na sua terra... Não me olhe pasmado, não... Isso lá eu era... Nem que tivesse de passar canseiras como ninguém... O caso era meter-se-me a tenção nos cascos... Dito e feito; acabou-se.. Fossem buscar o remédio onde quisessem... mas duvido que o achassem.

—Como vai a doente? perguntou distraidamente Cirino, cortando aquela catadupa de palavras.

—Ora estou muito contente. Já tomou nova dose, e parece quase boa. Está com outra feição. O sr. fez um milagre...

—Abaixo de Deus e da Virgem puríssima, concordou Cirino com toda a modéstia.

—O sr. não