Página:Innocencia (1872).djvu/136

Wikisource, a biblioteca livre

Encolheu o mineiro com furor os ombros e disse em parte a Cirino:

—Fez-se de esquecido só para falar na menina... Veja bem. Este calunga não me bota areia nos olhos.

E acrescentou alto, recebendo a garrafa que o camarada José Pinho tirara de uma das canastras:

—Agradeço o seu presente, Sr. Meyer, mas se... lhe faz a menor falta .. a menina há de curar-se sem isto...

— Não, não, não, não, respondeu o saxônio com uma série de negativas que pareciam não dever ter fim.

—Neste mundo, rosnou Pereira mais para si do que para ser ouvido, ninguém mete prego sem estopa; mas com sertanejos... não se brinca.

Cirino tomara a garrafa.

—Isto, afirmou ele, acaba com certeza a cura.

E, esquivando-se de pronunciar o nome e a qualidade da pessoa de quem estava tratando:

—Ela há de ter hoje algum apetite e poderá levantar-se um pouco, pois já tomou o seu caldinho.

—Então, ao meio-dia, recomendou Pereira muito baixinho a Cirino, vosmecê mande chamar a nossa doente e dê-lhe a mezinha. Ouviu? Já avisei lá dentro...

Cirino abanou a cabeça, tomando ar misterioso.

—Eu por mim estarei de olho vivo no bichão... Parece-me suçuarana à espreita de veadinhas