Página:Innocencia (1872).djvu/164

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de patente, tenho certeza, porque, num abrir e fechar de olhos, me pôs de pé uma pessoa cá de casa.

—Se ele me curar... não sei mesmo como lhe agradecer.

—É pagar-lhe, concluiu Pereira, tratando logo de advogar os interesses do hóspede.

—Sim, hei de... pagar-lhe, confirmou o outro com alguma hesitação.

—Em todo caso, desça do animal.

Pouco depois, entrava na sala e cumprimentava a Cirino e a Meyer a pessoa a quem o mineiro chamara Coelho. Era homem já de idade, muito mais quebrantado por enfermidades que pelos anos; tinha a testa enrugada, as bochechas meio inchadas e balofas, os lábios quase brancos e os olhos empapuçados.

—Qual dos senhores é o doutor? perguntou ele.

—Sou eu, respondeu Cirino, revestindo-se de convicto ar de importância, enquanto Meyer apontava para ele, cedendo direitos que talvez pudesse contestar.

Interveio Pereira com amabilidade:

—Sente-se, Sr. Coelho, sente-se. Não se ponha logo a falar de moléstias... Isto não vai de afogadilho... Descanse um pouco... Olhe, já almoçou?

—O pouco que como, retrucou o outro, já está comido.

—Pois bem, ponha-se primeiro a gosto: depois então, converse com o doutor... Diga-me: que há de novo pela vila?