o meu Tonico, protestou sorrindo-se Pereira. Ele é pequeno... mas bom. Não é, meu nanico?
O homúnculo riu-se, ou melhor, fez uma careta mostrando dentinhos alvos e agudos, ao passo que deitava para Cirino olhar inquisidor e altivo.
—0 sr. vê, doutor, continuou Pereira, esta criaturinha de Cristo ouve perfeitamente tudo quanto se lhe diz e logo compreende. Não pode falar... isto é, sempre pode dizer uma palavra ou outra, mas muito a custo e quase a estourar de raiva e de canseira. Quando se mete a querer explicar qualquer coisa, é um barulho dos seiscentos, uma gritaria dos meus pecados, onde aparece uma voz aqui, outra acolá, mais cristãzinhas no meio da barafunda.
—É que não lhe cortaram a língua, observou Cirino.
—Não tinha nada que cortar, replicou Pereira. De nascença é o defeito e não pode ser remediado. Mas isto é um diabrete, que cruza este sertão de cabo a rabo, a todas horas do dia e da noite. Não é verdade, Tico?
O anão abanou a cabeça, olhando com orgulho para Cirino.
—Mas é filho aqui da casa? perguntou este.
—Nhor-não; tem mãe à beira do Rio Sucuriú, daqui a quarenta léguas, e envereda de lá para cá num instante, vindo a pousar pelas casas, que todos o recebem com gosto, porque é bichinho que não