Oh monges, — feitos assim como estais, constituídos deste modo, — que sois mais que estas árvores infrutíferas, de que fala o evangelho, que não servem, se não para o fogo? Se o homem Deus passasse por vós, como passou pela figueira estéril, não vos destruiria pela raiz, como o raio fulminante da maldição eterna?
Sede jesuítas, como sois, sede-o: mas sede-o também, como os Anchietas, os Nóbregas, os Vieiras. Por que não?
Olhai: — aí estão nossos sertões, nossas florestas seculares, sombreando imenso gentio, acobertando um culto infame, defendendo bárbaros costumes, balouçando de terror e de esperança. Ide, apóstolos do Unigênito do Eterno, atirai-vos a essas matas, pregai o evangelho, civilizai! Não é esta a vossa missão?
A civilização do mundo ainda carece de vós. Os Tomés ainda são necessários.
Ide, atletas da caridade, marchai para a conquista do pensamento cristão. Que vos falta? Vosso mestre vos enviava às nações — munidos tão-somente da palavra.
Os Nóbregas não tinham mais do que vós, — e nós, — não nos envergonhemos, — fomos civilizados por eles.
Eis-aqui porque a memória dos filhos de Loyola me é cara, eis-aqui por que eu os canto também a eles, pelo que fizeram, — como vos canto a vós, pelo que podíeis fazer.
Cometeram erros, eles: mas não é um dos axiomas da historia — que os que empreendem grandes coisas, cometam igualmente grandes erros?
Por essas convicções, — não escureço, —achar-me-ão sem dúvida em contradição nos meus cantares.
Meditai porém, examinai o fundo, e lá encontrareis a unidade, o foco, o centro, o principio da luz, embora o prisma represente raios de diversas cores.
O século passado para mim é sempre um século magnânimo de crimes: mas nem um século escoou-se debalde no percorrer dos tempos: o século passado é também um século inteligente e progressista. Remontando-me algumas vezes ao seio dele, eu, com a alma fundida na educação do século dezenove, arrepio-me de horror, e canto a caridade cristã,