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Página:Inspirações do Claustro.djvu/15

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longos corredores e sombrias celas: ajoelhado ao pé do altar, e em cima de sepulturas, é que te vinha o alívio, a espe­rança, e a voz. do anjo, que te chamava para outro mundo, que devia ser o teu, pois que é o mundo que te merecia.

Gosto de meditar, de noite, às vezes,
       Como um infante,
Espasmado no olhar, fitando o corpo
       Que tem diante.

Entre tantos cânticos e pela máxima parte cânticos de dor, que lhe arranca a solidão, parece que não há escolha; contêm quase todos belezas que denunciam um gênio poético da primeira plana: imaginação, sentimento, idéias, paixões, inspiração sublime, tudo se alia perfeitamente com a seleção da palavra, o apropriado da frase, a maviosi­dade do verso e a justeza da rima.

Junqueira Freire, se pela imaginação pertencia à escola de Sousa Caldas, Francisco Manuel, Almeida Garrett e Diniz, pela forma, vestes exteriores, e metrificação, recebeu de certo lições de Gonzaga, Camões, Garção, Bocage e José Basílio da Gama.

Como é lindo e melancólico o cântico intitulado — Um pedido!

Com este cântico rivalizam em doçura e tristeza o da profissão de frei João das Mercês Ramos, a canção intitu­lada— Ela, —os versos aos jesuítas, cheios duma cor local brasileira, que muito agradam, e as elegias — Flor murcha do altar, Freira, e Devota; derrama-se a poesia por todas as estrofes, versos, frases, e palavras; sente-se com a sua leitura, e sente-se profundamente, a perda dum gênio que começava os seus vôos, que já se podem chamar — vôos de águia!

Ah! se a dura morte se não apressasse a riscá-lo do numero dos viventes; se este jovem de 22 anos tivesse