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Página:Inspirações do Claustro.djvu/24

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Porque se me extasia a mente às vezes,
E por entre delíquios exaltados.
Desce às fatais, exteriores trevas,
Aos in sondáveis boqueirões do inferno,
Bem como o anjo da soberba outrora
Pela invisível destra fulminado?
Porque prova um prazer terrível, forte,
Em ver a imagem Desse horror tremendo,
Em ver a face Desse caos torvado,
Em ver o orgulho do pecado infindo?
Porque no fundo da geena ardente
Sentir procura as emoções mais bárbaras,
Gostar deseja sensações de fogo,
Como procura a fátua mariposa
Chamas de luz, que há de, talvez, queimá-la?
 
      Porque Deus também às vezes
      Para os abismos nos lança,
      Para vermos seus castigos,
      Seus tesouros de vingança!
 
Porque se me extasia a mente às vezes,
E sente em si um vácuo desmedido,
Uma infinita inanição ignota,
Como talvez o espaço, o qual se estende,
Se derrama e se perde a nossos olhos?
Porque procura — sequiosa, arfando —
Encher esse vazio indefinível,