Página:Inspirações do Claustro.djvu/53

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E o peito imenso do tupi guerreiro,
Nos olhos e no peito de seus filhos
Estanque e frio e gélido volveu-se?
Bárbaros eram.— Mas em ranchos longos,
Nos tejupás pendido das imbiras
Desamparando o vibrador tacape,
E meneando os colos enlaçados
Das correntes das perolas do rio,
E assoberbando as pequeninas testas
Co'o variegado canitar nutante,
E cingindo ao redor do esbelto corpo
As multicores lindas arasoias,
Das araras à púrpura roubadas,
— Demandavam as ocas tenebrosas
Dos severos e ascéticos piagas.
E os consultavam nas empresas árduas,
E decoravam seus oráculos santos,
E decantavam seus poemas místicos,
Como o primeiro beijo da donzela
Dado furtivo entre o amor e o pejo
Nos lábios caldos do donzel, que a vida
Expandir-se-lhe sente em moles pulsos.
— Oh! que não somos os briosos tapes,
Filhos da virgem da guerreira América!
 
Era o supremo Deus onipotente
Tupá — o sábio autor da linda lua,
Do sol vermelho e das montanhas de ouro
E dos búzios marinhos, e dos cardos