Saltar para o conteúdo

Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/173

Wikisource, a biblioteca livre
- 153 -

O labio emmudeceu para sempre; o ultimo lampejo despedio-se dos olhos baços.

Poty amparou o irmão em sua grande dôr. Martim sentiou quanto um amigo verdadeiro é precioso na desventura; é como o outeiro que abriga do vendaval o tronco forte e robusto do ubiratan, quando o broca o copim.

O camocim, recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoriferas; e foi enterrado ao pé do coqueiro, a borda do rio. Martim, quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazigo de sua esposa.

A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente:

— Iracema!

Desde então os guerreiros pytiguaras que passavão perto da cabana abandonada e ouvião resoar a voz plangente da ave amiga, se afastavão, com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia.

E foi assim que um dia veio á chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio.